Apesar de no século XIV surgirem as primeiras regulamentações destinadas aos cartórios municipais, crê-se que os mesmos tenham surgido por volta do século XIII.
Embora, no Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira, não exista documentação anterior ao século XVI, para além do Foral da Feira e Terra de Santa Maria, de 10 de fevereiro de 1514, é certo que a mesma já existiria, pois já havia, à época, a obrigatoriedade legal de a câmara possuir uma arca para o foral da vila, o tombo dos bens do Concelho, as provisões de mercês e outras graças que lhe fossem concedidas, títulos, escrituras e outros quaisquer documentos de regalias do Concelho, ficando a restante documentação, os livros de conferências e todos os mais em que se registam quotidianamente os atos judiciais e administrativos, sob a responsabilidade do Escrivão da Câmara, pois desses por sua obrigação e juramento era obrigado a dar conta e a passar certidões às partes.

Dessa obrigatoriedade legal é-nos dado nota no livro dos Capítulos de Correição onde a terceira pergunta padrão do corregedor/ouvidor, quando andava em correição, era se havia casa da Câmara e se nela existia uma arca para os papéis e documentos mais importantes, assim como um índice dos mesmos.

A primeira seleção e organização de documentação de valor histórico, cerca de 450 volumes provenientes do arquivo geral da câmara, foi efetuada pelo Dr. Henrique Vaz Ferreira, entre 1938 e 1940, com o intuito de engrandecer o acervo documental da biblioteca-museu, então instalada na antiga rua de Rolães, criando assim um serviço especializado para facultar o acesso ao acervo histórico do município.

Entre os anos 40 e 90, do século XX, foram efetuadas várias incorporações de documentações, neste acervo, provenientes da Repartição de Finanças de Aveiro e do Arquivo Geral da Câmara.

No ano de 1992, técnicos nomeados pelo Arquivo Distrital de Aveiro, por delegação do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, realizaram, no âmbito do programa de Inventariação do Património Cultura Móvel, um breve recenseamento da documentação do acervo histórico do Município referindo que, apesar da documentação perdida ou destruída […] era notável ter-se conservado tanto e tão variado material fazendo com que este arquivo fosse um dos mais ricos do distrito.

Atualmente, o arquivo municipal de Santa Maria da Feira possui o seu acervo histórico, disponível para consulta, nas instalações do edifício da biblioteca municipal sendo o mesmo composto por cerca de mil e quatrocentos documentos de caráter jurídico e administrativo, de interesse quer para a história do município de Santa Maria da Feira quer para a de outros municípios e freguesias limítrofes que, em tempos, fizeram parte da sua circunscrição administrativa.

A documentação deste acervo, produzida entre o séc. XVI e a década de 70 do séc. XX, é maioritariamente parte integrante do sistema de informação do Município de Santa Maria da Feira. No entanto, existem ainda outros sistemas de informação de dimensões mais reduzidas, mas de igual valor histórico e patrimonial tais como: Administração do Concelho, Repartição de Finanças do Concelho, Casa da Feira, Convento dos Lóios, extinto Concelho de Cortegaça, Casa do Infantado, Comarca da Feira, Corregedoria da Feira, Confraria dos Mártires de São Sebastião, Legião Portuguesa (núcleo da Feira), Subdelegacia de Saúde da Feira. De forma a regular o acesso aos documentos do arquivo, a Câmara Municipal aprovou, em reunião ordinária de 15 de abril de 2013, a norma de acesso a documentos do arquivo municipal.
Toda a documentação depositada na biblioteca municipal, está a ser tratada para que a sua referência fique acessível, eletronicamente, ao público.